O nome do lugar de Arrancada e do seu ribeiro de Meghavales, surge-nos, pela primeira vez, no documento Inquirição na “Terra do Vouga”, do ano de 1282, cujo original se encontra no Arq. Nac. Torre do Tombo, em Lisboa e foi publicada por Joaquim da Silveira em Arquivo do Distrito de Aveiro, vol. IX, pp. 81-88. Da inquirição que D. Diniz tirou em terra de Vouga sobre Reguemgos e direitos e foros e cousas que o dito senhor tem, consta: - “(...) Freyghisia de Valõgo.(...) Domingos piriz de Valõgo disse que a i na Arãchada hua caualaria que tem Donna Maria moleer que foi de Steuã meendis da Costa. (...) Item Martin durã da Arãchada disse que auia hua Caualaria i Bronido e disse que auia el Rey hi huum casal. Item disse que huu tereo do ribeiro de Meghauales Da Arãchada que est ide ho meio del Rey." Daqui se concluí que o lugar de Arrancada já existia muito antes de 1282, visto que nessa data, já possuía habitantes e cavalarias. No entanto, não cremos que a população de Valongo, em tempos dos romanos e mesmos dos árabes, fosse grande. As povoações foram nascendo e desenvolveram-se com o decorrer dos anos. Sabe-se que, antigamente, muitas das terras não eram cultivadas e seriam terrenos daninhos, cobertos de urzes, arbustos e floresta. Algumas das aldeias antigamente chamadas de "villas", foram-se extinguido umas e outras foram nascendo. Qual será a origem de lugar de Arrancada? O ilustre arrancadense Joaquim Soares de Souza Baptista, em "Terras do concelho de Águeda”, vol. XVII, do Arq. Distrito de Aveiro, diz-nos o seguinte : "A primeira vez que encontrei o verbo Arrancar foi no foral de Seia, em 1136... Depois no foral de Freixo de 1152... A seguir, numa carta de D. Afonso VIII de Castela, de 1168. Nas inquirições de Afonso III, de 1258, julgado de Penafiel, surge o termo Arrancada.
Foi sobretudo esta passagem que fortaleceu no meu espírito a opinião de que o topónimo Arrancada não deriva duma modalidade guerreira, mas de um processo agrícola, de aproveitamento da terra. A terra onde hoje está Arrancada deve ter sido doada por Afonso Henriques ou Sancho I a algum ou alguns para arrancarem a floresta e fazer terra de pão, para a "povoarem, plantarem e edificarem" como então se dizia. E foi certamente honrada, pois só assim se explica que a Inquirição de Afonso II, de 1222, não mencione ali alguns direitos do rei. Na Inquirição de D. Diniz, de 1282, sessenta anos posterior àquela, já Arrancada deve ter tido a sua origem nos séculos XI ou XII, mais possivelmente neste". Ainda do mesmo autor e do seu estudo "Fontes de Arrancada" Arquivo do Distrito de Aveiro, vol. VII, p. 217 encontramos o seguinte: Arrancada, milenária aldeia de nome que lhe veio, parece, de audaciosa arremetida contra o mouro delapidador dos lares dos povos ribeirinhos de Marnel, rompida de esconderijo que representava a floresta opulenta onde ela, a velha povoação, nasceu e tomou vulto".
Em 7 de Novembro de 1910, o Dr. João Xavier Pereira Simões então Médico Municipal, requereu à Camara Municipal de Águeda o levantamento das estrumeiras existentes nos lugares do Rego e Carreiro, em Arrancada do Vouga. A família Pereira Simões era proprietária da Quinta do Laranjal, desta localidade. Em 1822, pertencia a José Pereira Simões, capitão-mor do concelho do Vouga e nas eleições para deputados às Cortes foi designado secretário. Em 1846, era proprietário dessa Quinta seu filho, Dr. António Pereira Simões (Juíz Desembargador), que quase diariamente era visitado por Joaquim Mascarenhas de Mancebos Pacheco, proprietário do Solar do Sobreiro, dirigindo-se depois para a sua quinta da Ribeira, ao cimo de Arrancada, chamada Cabeço do Pedrozelo, onde conversavam e merendavam. 21 Do mesmo modo, a Comissão Paroquial de Valongo solicitou à mesma Câmara Municipal o levantamento das referidas estrumeiras, no sentido de melhorar as condições higiénicas da população, pedido este que foi aceite. 22 Nos séculos XVII e XVIII, ao fundo do lugar de Arrancada, na estrada que liga ao lugar de Aldeia, existiu um solar de família distinta e abastada, que se denominava “Os VIDAIS DO ROSSIO DE ARRANCADA”.
Texto extraido de "MONOGRAFIA DE VALONGO DO VOUGA - Subsídios para a sua História" de António Simões Estima